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Sonhos

Ela, no passado, havia perdido parte de si;
Um trecho de si havia sido ceifado.
Não aceita um único julgamento para tanta desigualdade;
Não entende o motivo de uma perda tão prematura...

Ele buscava entender o que ouvia dela;
Procurava uma forma para preencher aquele vazio.
Não importava-se com a direção...
Sabia que o importante era continuar - e continuou.

Ela lamentava as mentiras algemadas em seu braço.
Não as tinha atraído para si. Era diferente o que tinha buscado.
Na busca de atalhos onde pudesse repousar sua cabeça,
Perdeu-se em máscaras que tanto lhe marcaram.

Ele soltava a voz junto a brisa do mar
Com a esperança de que a verdade a alcançasse.
Queria lhe mostrar um novo caminho;
Queria abrir suas algemas e lhe conduzir livremente.

Ela ainda tinha um sonho: A Viagem.
Depositava nele sua expectativa.
Planejava, sorria, arrumava as malas.
Acreditava que em outro lugar se encontraria...

Ele, sereno, com tranquilidade tentava expressar,
Não com sua voz - palavras suavizadas pela distância -,
Que a mais importante viagem que ela poderia fazer
Seria para dentro de si mesma.

Os dois sabiam que o trajeto seria longo.
Que só haveria uma forma de reunir
O belo sorriso da menina ciclista,
Com a personalidade forte da mulher vendedora de destinos:

Voltar a acreditar que o seu mundo não cabe no mapa, mas está na palma de suas mãos.

Alexandre Barreto

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