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Showing posts from June, 2015

ELE MORREU

Estava jogado em algum lugar o corpo dele sem vida, pálido, opaco, frio. Ela não estava próxima em seus últimos suspiros, nem ouviu os médicos declararem a hora oficial do óbito, mas sabia qual tinha sido a causa da morte: falência cardíaca pela ausência de sentimentos e traumatismo craniano causado pelo choque da realidade. - Eu o matei - pensou, mas não sabia que ele mesmo havia provocado seu suicídio lento, longo, eficaz e irreversível. Talvez o erro dela tenha sido amar cedo demais, se entregar demais, acreditar demais, mas não abria mão de ser ela mesma. Não cabia a ela a culpa dele não ter usado a razão e o sentimento para valorizar o quanto ela era - e continua sendo - especial. A rotina o fez acordar um pouco morto todos os dias quando não a escolhia para enviar a primeira mensagem da manhã, quando não lembrava de cuidar dela durante a tarde e só ligava à noite quando não tinha mais nada pra fazer - ligava por hábito, ou talvez obrigação. Ele morria pouco a pou