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Showing posts from June, 2011

Casa ou Caminho?

A palavra do momento: Descartável. As sensações e sentimentos nascem com prazo de validade, e as relações andam baseadas em pilares fragilizados pelos critérios de nossas escolhas. Dificilmente cuidamos de nossos defeitos e vícios, e cada vez mais esperamos que o outro seja perfeito e íntegro. Nossos pecados podem ser perdoados - encontram respaldo na ânsia de viver o hoje como se o mundo fosse acabar amanhã. Por conta disso, deixamos de experimentar tudo que a vida nos oferece com a profundidade necessária para sentir. Tudo está superficial. Não gosto de generalizar, mas o marketing pessoal nas redes sociais têm contribuído muito para que tudo isso esteja acontecendo. Vivemos através da internet tudo aquilo que gostaríamos de ser, e acabamos por esquecer quem realmente somos. Minha vó dizia que se utilizamos uma mentira muitas vezes, acabamos por acreditar nela como uma verdade. E então, nos surpreendemos com o olhar crítico do outro que revela nossa verdadeira e irrefutável essência

Mentira é Essencial

Mentira é essencial. Ninguém vive sem ela. Sobreviver é até possível mas a qualidade da existência pode ser um tanto prejudicada - e a vida social, destruída. Honestidade completa só existe na mente ideológica e iluminada de seres diáfanos - elfos, duendes, anjos da guarda -, no medo congelante daqueles que temem o inferno ou no discurso de ingênuos o bastante para crer no maniqueísmo da psique. Mas a vida não é assim tão simples. Sinceridade total é um mito criado por pessoas tão fracas que não conseguem arcar com o peso de seus desejos, decisões, da sua sombra. A angústia em lidar com o que não suportam e não controlam é tanta que a única saída é jogar, transferir o ônus da resolução. “Mas eu fui sincero” é frase corriqueiramente proferida por experts em se esquivar da própria culpa. É apenas um meio egoísta e vil de sair de uma história como o bonzinho corajoso. É uma necessidade patológica de sentir-se com a consciência tranquila, não importando se o outro ficará devastado pelo que

Semear

Não procuro alguém para pertencer ou ter posse, só quero uma fonte segura que não se entregue às formalidades fúteis, não se encaixe em moldes nem em falas decoradas ou nas falsas alegrias dos scripts prontos. Eu sei que abri mão de várias oportunidades materializadas em relacionamentos. Sei que, por imaturidade, fiz pouco caso do amor que me entregaram de maneira pura e gratuita, só por medo ou por achar que encontraria a "pessoa certa". Mas quando, enfim, estarei maduro? Se todos estão sempre indo e vindo, só quero alguém que me toque eternamente por alguns segundos, que me faça parar de achar normal essa história de perder as pessoas pela vida, que desça comigo desse mundo louco que foi desenhado como ideal em que todos estão felizes até o momento em que repousam a cabeça em seus travesseiros... Amar não é ganhar, como perder nada tem a ver com o fim - de uma relação, principalmente. Amar é encontrar os próprios defeitos, arrancar os espinhos da própria carne, buscar o

Sobre Amor e Essência

Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba? O que acaba são algumas de nossas expectativas e desejos, que são subtituídos por outros no decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantém os mesmos. Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por aqueles que se recusam a experim

Sentidos

Quero sua aproximação lenta e suavemente. Venha andando devagar para que eu possa decorar seus passos, traga o brilho do seu sorriso como cartão de visitas e deixe que o perfume de sua essência me envolva completamente. Deixe-me ouvir o som da sua voz como minha canção predileta, e só termine a música quando perceber que o sono, teimoso, me venceu. Me fale da sua solidão, o que fez enquanto esteve só no meio de tanta gente e perceba nas minhas linhas que caminhamos por estradas semelhantes. Nos desencontros aprendemos a escolher. Na trilha difícil tropeçamos com equilíbrio. Nas subidas nos esforçamos. Nas descidas, continuamos com cuidado. E no caminho sem saída voltamos... Amadurecemos e estamos vivendo esse exato momento. Estamos, não somos. Agora nos resta trocar as fotos daquele tempo. Permita-me ver os seus registros e fique à vontade em meu álbum. Percebe alguma similaridade? Me perdoe a ousadia, mas te faço um pedido: Numa pequena caixa, cuidadosamente embalada, quero um presen