Skip to main content

Parcerias Virtuosas

Pode ser que você ainda esteja buscando um amor romântico, do jeito que temos idealizado há tanto tempo. Quase todos nós nos emocionamos ao ver duas pessoas no altar prometendo o amor eterno. Não sei quantos relacionamentos você já teve, mas o tempo mostra que esse sentimento não consegue sobreviver à dura realidade da convivência - na maioria das vezes.

Mudam-se os atores, mas o roteiro é o mesmo. A tendência é você repetir os erros, atribuindo ao outro o papel de provedor de sua felicidade ou infelicidade, dependendo da fase da relação em que vocês se encontram.

Esperamos que a outra pessoa entre em nossas vidas para preencher o vazio que sentimos. Mas, não nos damos conta de que esse vazio nos acompanha desde a infância; desde sempre.

No útero, vivemos uma situação de aconchego que é rompida no nascimento. Esta sensação é então substituída pelo inevitável sentimento de desamparo que nos persegue por toda a vida.

A busca de uma cara metade, de alguém perfeito para nós é uma tentativa de tapar esse buraco, de amortecer a dor pelo fato de nos sentirmos sós. Projetamos no parceiro o que precisamos e queremos que ele se comporte de acordo com as nossas necessidades.

É muito bom quando encontramos alguém com quem podemos estar juntos, relaxar, trocar carícias, amar. O problema aparece quando passa a fase da paixão e a personalidade de cada um se evidencia. Inicia-se então um jogo de poder para saber como o relacionamento irá se desenvolver. Vai ser de que jeito, do seu ou do meu? Qual é a cara que esse namoro terá?

Pode ser que cada um dos dois tente impor seu próprio ritmo e isso gere uma disputa sofrida e interminável. Pode ser que um dos dois ceda, anulando-se na relação. Se isto acontecer é provável que o parceiro o despreze depois. Muitos círculos viciosos acontecem destruindo qualquer tentativa para que o romance seja bem sucedido.

Esta questão só se resolve quando cada um dos cônjuges compreende o que quer para si e para o seu relacionamento. Qual é a sua intenção? Somente com muita consciência e autoconhecimento é que você pode fazer uma opção por uma vida baseada em suas virtudes e não nos seus vícios e repetições inconscientes.

Um passo importante para estabelecer relações saudáveis é quando você escolhe o caminho do crescimento. Assim sua atitude muda. Você não espera mais que seu companheiro lhe dê aquilo que está faltando. Os dois se trabalham o tempo todo, cada um funcionando como espelho para que o outro se enxergue melhor. Os conflitos não são mais vistos como algo ruim, mas como oportunidades de crescimento.

Assim, a parceria deixa de ser algo fantasioso para funcionar como suporte de uma jornada que nem sempre é fácil, mas com certeza é virtuosa.

Sérgio Savian

Comments

Popular posts from this blog

A Vida é uma Porcaria

Sim, a vida é mesmo uma porcaria! Não importa se você é rico, pobre, alto, magro, gordo, feio, bonito, famoso, forte, fraco, tímido, divorciado, casado, com filhos, com netos, bêbado, sóbrio ou ainda burro e ignorante. A vida é uma porcaria. Como eu sei disso? É bem óbvio. Basta observar as pessoas por aí. Existem dois tipos de pessoas. As que sabem que a vida é uma porcaria, como eu e aquelas que por algum motivo cretino tirado de não sei aonde, acham que a vida deve ser boa, ou melhor, que é boa. Eu explico. Na vida de todo mundo, sempre vão acontecer mais coisas ruins do que coisas boas, seja por azar, seja por inapetência, seja por vingança ou até por uma questão de expectativas. Basta olhar os animais nos documentários da TV, vocês já viram o inferno que eles passam para comer e fazer sexo? As vezes eles passam uma semana inteira no “rock and roll” para comer uma droga de um rato (no caso das corujas, coitadas). E os gafanhotos que finalmente quando conseguem copul...

HOJE: Lembrar de Esquecer Você

Hoje eu lembrei de esquecer você mais um pouquinho. O plano está dando certo porque nem precisei apelar pro recadinho que colei na porta da geladeira. Aos poucos consigo te enxergar como uma pessoa normal, comum, exatamente como eu. Não preciso mais olhar lá pra cima, na direção da admiração sublime, para te ver... Faz parte. Não, quer dizer, fez parte. Acho mesmo que meu maior receio era me deixar perdido dentro de você e ir embora. Como me reencontraria? Como seria o recomeço faltando pedaços? Mas isso tudo é lenda que as pessoas inseguras nos contam. O desapego ocorre aos poucos, devagar. A gente vai lembrando menos, falando menos, tocando menos. A gente elege outras prioridades, inventa novas necessidades e vai seguindo assim. Acontece mais ou menos como viver um conto de fadas ao contrário: Cria novos heróis para esquecer os vilões que, acredite, um dia foram heróis. É uma conta que não bate, mas quem disse que existe lógica em tudo?! Não quero encontrar lógica...

O Lado Fatal

I Quando meu amado morreu, não pude acreditar: andei pelo quarto sozinha repetindo baixo: "Não acredito, não acredito." Beijei sua boca ainda morna, acarinhei seu cabelo crespo, tirei sua pesada aliança de prata com meu nome e botei no dedo. Ficou larga demais, mas mesmo assim eu uso. Muita gente veio e se foi. Olharam, me abraçaram, choraram, todos com ar de incrédula orfandade. Aquele de quem hoje falam e escrevem (ou aos poucos vão-se esquecendo) é muito menos do que este, deitado em meu coração, meu amante e meu menino ainda. II Deus (ou foi a Morte?) golpeou com sua pesada foice o coração do meu amado (não se vê a ferida, mas rasgou o meu também). Ele abriu os olhos, com ar deslumbrado, disse bem alto meu nome no quarto de hospital, e partiu. Quando se foram também os médicos e sua máquinas inúteis, ficamos sós: a Morte (ou foi Deus?) o meu amado e eu. Enterrei o rosto na curva do seu ombro como sempre fazia, disse as palavras de amor que costumávamos trocar. O silêncio ...