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O Céu nos deixa na Terra

Essa é a imagem que tenho da minha janela.

Nem tudo é o que parece.

Ao invés de um astro, uma obra da engenharia humana para cruzar fronteiras com agilidade.

Qual o objetivo da agilidade? Porque tudo tem que ser, começar e acabar com ela?

Ainda estou sob efeito de uma fábula que falava de caixas, sentimentos, vidas, relacionamentos, roubos e fatos. Os fatos são o que mais provocam ecos em mim. Talvez em função de levar tudo tão a sério. Não queria mesmo que minha mente se ocupasse na contramão da correnteza atual, mas prefiro pagar o preço de manter a minha sanidade e minha própria identidade. Apesar do reflexo no espelho tentar me convencer de sua importância em alto e bom som, ainda acredito no resultado que uma tumografia computadorizada não pode mostrar - a essência.

Ainda olhando pela minha janela percebi que não tenho asas. Mas não lamento por não poder voar, mas por não poder proteger. Talvez o buraco na camada de dignidade tenha corrompido a ação de minhas asas e não tenho forças para descobrir onde tudo começou a terminar.

Começou a terminar?
E não é que estou no círculo novamente!

A mentira é obra do ladrão. Quem mente, rouba a verdade; rouba a alegria; rouba a dignidade. Prefiro estar na janela contemplando a multidão de palavras que me invadem, do que ficar no meio de uma multidão com carência de palavras.

Estou na contramão outra vez.
Olha o círculo!

Vou tentar meditar no conto - que era uma fábula, mas pra mim é a pura realidade cercada de flores com as raízes arrancadas - e conhecer melhor as personagens. Quem sabe me sirva de lição e um dia eu possa disponibilizar nesse espaço, que acredito eu, serve para passar a caneta em volta do círculo diversas vezes.

Calvin

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