Skip to main content

Atravessando Avessos

Paz
A gente passa uma vida inteira acumulando pessoas, coisas e vícios. 

Pessoas nas quais nos apoiamos das mais diversas formas. Depositamos nossa confiança, investimos nosso tempo e criamos expectativas. Deixamos de viver nossa vida em alguns casos, para vivermos a vida que é escolhida como "ideal" para nós.

Coisas que juntamos por modismo, para acompanharmos um padrão ou mesmo para afugentar a solidão causada pela falta da pessoa certa. Colecionamos objetos e chegamos a conceder alma para alguns deles com a fútil esperança de preencher o vazio que não pode ser ocupado por algo frio; que possua valor material; que um dia se desfaz...

Vícios que adquirimos abrindo mão daquilo que consideramos ideal. A gente abre mão de um sonho esperando ganhar mais lá na frente. Deixamos o "não" de lado em nome da tolerância irracional...

E depois de tanto acumular coisas vazias chega a vida e vira a gente pelo avesso. Não era pra ser uma surpresa, afinal, quanto tempo a gente perdeu com besteiras?!? Nossos valores, quais são?!? Não conseguimos, sequer, descobrir do que gostamos mais, do que nos faz bem de verdade...

Mas a vida é cheia de voltas, e um belo dia, se você for paciente, ela te traz de volta!

E de repente a vida te devolve pro lado certo, e você descobre que o lado certo é a recompensa por não ter sido fraco enquanto estava atravessando seus avessos.

Comments

Popular posts from this blog

Pra Rua Me Levar* - e Divagações**

“Não vou viver como alguém que só espera um novo amor,  há outras coisas no caminho onde eu vou.  Às vezes ando só trocando passos com a solidão,  momentos que são meus e que não abro mão.” O que é o tão descrito amor e quais os sentimentos que ele envolve? As pessoas hoje em dia confundem muito – e talvez nem saibam – o que de fato representa o amor. Sem respeito, admiração, companheirismo, cumplicidade, alegria, realização e tantos outros detalhes, o amor nunca pode acontecer plenamente dentro de alguém. Por isso mesmo, o amor compreende muito mais que um único sentimento na vida das pessoas e nunca pode andar divorciado de outras ações. Existem momentos em que somos forçados a andar sozinhos - trocar passos com a solidão. Não porque queremos, mas porque não existe outra opção. Essa caminhada acaba sendo necessária, mesmo porque, a solidão não deve assustar e nem comprometer o sono: Passado algum tempo de aprendizado você passa a se conhecer, aceitar e ser feliz, independente de

O Lado Fatal

I Quando meu amado morreu, não pude acreditar: andei pelo quarto sozinha repetindo baixo: "Não acredito, não acredito." Beijei sua boca ainda morna, acarinhei seu cabelo crespo, tirei sua pesada aliança de prata com meu nome e botei no dedo. Ficou larga demais, mas mesmo assim eu uso. Muita gente veio e se foi. Olharam, me abraçaram, choraram, todos com ar de incrédula orfandade. Aquele de quem hoje falam e escrevem (ou aos poucos vão-se esquecendo) é muito menos do que este, deitado em meu coração, meu amante e meu menino ainda. II Deus (ou foi a Morte?) golpeou com sua pesada foice o coração do meu amado (não se vê a ferida, mas rasgou o meu também). Ele abriu os olhos, com ar deslumbrado, disse bem alto meu nome no quarto de hospital, e partiu. Quando se foram também os médicos e sua máquinas inúteis, ficamos sós: a Morte (ou foi Deus?) o meu amado e eu. Enterrei o rosto na curva do seu ombro como sempre fazia, disse as palavras de amor que costumávamos trocar. O silêncio

La Marioneta de Trapo

Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate. Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma. Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mario Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos