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Brincando de Ser Feliz?

Seu corpo está cansado, sua saída pro trabalho foi tensa, o dia no escritório complicado e a volta pra casa um martírio. Seu melhor amigo te ligou porque está com problemas, e talvez seu salário insista novamente em terminar antes do mês. Problemas cotidianos - e rotineiros pra muita gente. 

Entre as correrias e decepções da vida encontramos consolo e a força para caminhar, muitas vezes, nas relações que temos. O que muitas vezes não percebemos é que elas podem também ser uma outra fonte de esgotamento. 

Não nos damos conta de que nossa relação, ao invés de ser um momento alegre, leve, de cumplicidade, ajuda e crescimento, acaba sendo um encontro entre duas almas completamente diferentes, que buscam coisas incomuns e têm objetivos distintos.

Na maioria dos casos, começamos uma ligação íntima com outra pessoa pelo motivo errado, e em meio a tantas pancadas aplicadas pela vida em nossa resistência, persistimos cegamente em nossas relações esperando que tudo acabe como uma novela. O tão comum e fácil Final Feliz. Afinal, "tudo vai dar certo. Se ainda não deu é porque não chegou ao fim." Quem inventou essa frase idiota? 

Nesse ponto você começa a acreditar que as discussões constantes são momentos de crescimento, a intolerância do outro é fruto do stress do trabalho, que a indiferença é na verdade um momento de individualidade necessária e por aí vai. Ambos acreditam que os opostos se atraem e esse é o "charme" da relação. 

Quantas desculpas você vai continuar dando para si mesmo até entender que a estação final chegou e você insiste em continuar a viagem? Não está vendo que continuar embarcado vai fazer com que você volte ao mesmo lugar? Acorda: Você precisa desembarcar e tomar o seu próximo destino. Por mais que possa parecer estranho e inseguro, lembre-se: Você já iniciou outras viagens em sua vida antes e esse não vai ser o seu primeiro "embarque cego." 

Você não está interpretando corretamente os sinais que seu instinto está enviando para sua cabeça. E não se envergonhe disso. Você não é o único ser humano confuso no planeta! A segurança que seus amigos, colegas e conhecidos transmitem, acaba quando colocam a cabeça no travesseiro durante a noite. E isso pode ser saudável se você percebe que são as perguntas que dão movimento às nossas vidas, não as respostas. 

Aprenda a ouvir mais, observar mais, perceber melhor os sinais que você mesmo e o outro emitem a todo instante.

Seus dias têm sido mais felizes, ou mais confusos? Seus momentos são mais alegres ou mais angustiantes? 

Costumo dizer que a vida é um palco onde somos convidados a atuar representando nossos próprios papéis, sem permitir a ninguém que os interprete por nós. 

Só me permita deixar claro um detalhe que faz toda diferença: Interpretar sua vida não tem nenhuma relação com fingir ser feliz!

Alexandre Barreto

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