Skip to main content

Invernos

A natureza sempre nos ensina algo, e assim como a vida, podemos aprender bastante se estivermos atentos.

Enquanto caminhava hoje pela rua percebi que as árvores já não possuem folha alguma em seus galhos. Óbvio também perceber que as flores não existem. É a aproximação do inverno.

A árvore tem uma estratégia pra nova estação do ano: Precisa guardar mais energia, deixar de produzir a clorofila que mantém as folhas verdes e não realizar a fotossíntese. Ela está cuidando de si e focando no armazenamento de energia para suportar a árdua estação.

O gelo da neve queimaria as folhas e flores facilmente, a árvore então mantém somente seus galhos para que possa aguentar com o menor dano possível o rigoroso inverno.

A gente também sabe que não pode carregar tudo que gostaria em algumas ocasiões. Sabemos que não podemos florescer durante determinadas fases. Nosso instinto nos alerta sobre o que devemos deixar ir embora para aguentar a fase difícil até a chegada da nossa primavera. Sim, como não há noite que dure pra sempre, o inverno também não ocupa um ano inteiro.

Ainda assim, seja por vaidade ou apego, teimosia ou burrice, insistimos em manter as folhas ou flores durante nosso inverno. E se sabemos que elas serão mortas pelo frio, porque que insistimos na autodestruição?!? Por que renegamos nossos instintos?!? Por que deixamos de lado conselhos que nos salvariam?!?

A gente não pode ter medo de perder as nossas folhas. Deixar de lado nossa vaidade é o primeiro passo para suportar os dias difíceis e realizar a transição para a nova primavera que certamente chegará.

A técnica que a natureza usa como transição, hoje aplico na minha vida com outro nome: O desapego. Livre das correntes do mundo para ser alcançado pela Graça de ser livre em Deus.

Então, aguente firme seus invernos!



Instagram: alllexandre
Twitteralllexandre

Popular posts from this blog

Pra Rua Me Levar* - e Divagações**

“Não vou viver como alguém que só espera um novo amor,  há outras coisas no caminho onde eu vou.  Às vezes ando só trocando passos com a solidão,  momentos que são meus e que não abro mão.” O que é o tão descrito amor e quais os sentimentos que ele envolve? As pessoas hoje em dia confundem muito – e talvez nem saibam – o que de fato representa o amor. Sem respeito, admiração, companheirismo, cumplicidade, alegria, realização e tantos outros detalhes, o amor nunca pode acontecer plenamente dentro de alguém. Por isso mesmo, o amor compreende muito mais que um único sentimento na vida das pessoas e nunca pode andar divorciado de outras ações. Existem momentos em que somos forçados a andar sozinhos - trocar passos com a solidão. Não porque queremos, mas porque não existe outra opção. Essa caminhada acaba sendo necessária, mesmo porque, a solidão não deve assustar e nem comprometer o sono: Passado algum tempo de aprendizado você passa a se conhecer, aceitar e ser feliz, independente de

O Lado Fatal

I Quando meu amado morreu, não pude acreditar: andei pelo quarto sozinha repetindo baixo: "Não acredito, não acredito." Beijei sua boca ainda morna, acarinhei seu cabelo crespo, tirei sua pesada aliança de prata com meu nome e botei no dedo. Ficou larga demais, mas mesmo assim eu uso. Muita gente veio e se foi. Olharam, me abraçaram, choraram, todos com ar de incrédula orfandade. Aquele de quem hoje falam e escrevem (ou aos poucos vão-se esquecendo) é muito menos do que este, deitado em meu coração, meu amante e meu menino ainda. II Deus (ou foi a Morte?) golpeou com sua pesada foice o coração do meu amado (não se vê a ferida, mas rasgou o meu também). Ele abriu os olhos, com ar deslumbrado, disse bem alto meu nome no quarto de hospital, e partiu. Quando se foram também os médicos e sua máquinas inúteis, ficamos sós: a Morte (ou foi Deus?) o meu amado e eu. Enterrei o rosto na curva do seu ombro como sempre fazia, disse as palavras de amor que costumávamos trocar. O silêncio

La Marioneta de Trapo

Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate. Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma. Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mario Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos