"Os relacionamentos verdadeiros são marcados pela aceitação, mesmo quando suas escolhas não são úteis nem saudáveis.
[...]Temos que nos submeter uns aos outros. Submissão não tem a ver com autoridade e não é obediência. Tem a ver com relacionamentos de amor e respeito."*
Depois de ler o trecho acima, confesso que fui consultar o dicionário para saber mais acerca da palavra submissão. Me surpreendi ao encontrar num dos significados a palavra docilidade. E porque não pensar nessa forma?
Escolhemos nossas relações pelos mais diferentes motivos, mas quando entramos nela temos um leque de outros para permanecer – ou não. Não quero abordar o assunto que nos leva a permanecer, ou mesmo julgar como útil ou saudável cada relação. O que chama minha atenção no texto é o fato de me submeter à outra pessoa.
Vendo sob o aspecto do conhecimento, se me submeto a alguém tenho a chance de conhecer essa pessoa de forma única; permaneço o mais neutro possível em suas atitudes, sem abrir mão de minha verdadeira essência. Não produzo interferências e posso vivenciar a relação percebendo o outro em sua integralidade. Daí, aceito continuar, faço minha avaliação pelas compatibilidades e crio minhas inevitáveis expectativas com argumentos palpáveis.
Relacionar a submissão com relacionamentos de amor e respeito é a mais pura forma de permitir a entrada do outro em nossa vida. Certamente submissão não é a palavra do momento onde os papéis de homens e mulheres se perderam e as relações só prosperam se dão “retorno” para as partes envolvidas. E menciono o retorno em todos os sentidos: Tenho que ter alguém que me faça bem; que me entenda; que me valide; que me espere; que me escolha; que me aceite; que me... São tantas condições para o “sucesso” de uma relação, mas nenhuma delas está alicerçada na submissão.
O que não percebemos com tanta facilidade é o detalhe tão sutil expresso na obra mais adiante:
“[...] Muitos acreditam que é o amor que cresce, mas é o conhecimento que cresce, o amor simplesmente se expande para contê-lo”*
Preciso ter argumentos para amar outra pessoa, e não adianta me criticarem dizendo que o amor foge à razão. Esse tipo de amor não funciona na íntegra. Me aproximo, observo, conheço o outro e passo a amar o que encontro de mim nele. Daí a justificativa do amor que se expande na medida proporcional do conhecimento.
Por outro lado, a emoção pode ser justificada de forma romântica com o “amor que se expande” e envolve em si tudo o que é essencial, deixando de fora os defeitos e dificuldades mesquinhas que devem ser superadas numa relação verdadeira.
Fica então o convite para conhecermos mais e tornarmos mais elástico o nosso amor. No final das contas o amor será um imenso balão de gás que sobe aos céus contendo de forma leve a relação que escolhemos para cada um de nós. Tão leve quanto deve ser.
Alexandre Barreto
* A Cabana / William P. Young - Rio de Janeiro: Sextante, 2008
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