A complexidade das forças
que operam dentro de um corpo que envelhece
torna-se ainda mais óbvia
quando se faz uma pergunta aparentemente fácil:
Qual é a sua idade?
Antes que você se apresse a responder, considere que há três modos distintos e separados de medir a idade de alguém:
Idade cronológica - quantos anos você tem, segundo o calendário.
Idade biológica - qual a idade do seu corpo, em termos de sinais críticos da vida e processos celulares.
Idade psicológica - a idade que você sente que tem.
Somente a primeira é fixa, e, no entanto, é também a menos confiável das três.
Uma pessoa de 50 anos pode ser quase tão saudável como quando tinha 25, enquanto que outra de 50 pode ter um corpo de 60 ou mesmo de 70 anos.
Para saber realmente qual é a sua idade, a segunda medida - a idade biológica - entra em ação: ela nos diz como o tempo afetou seus órgãos e tecidos comparado com outras pessoas da mesma idade cronológica.
O tempo não afeta uniformemente o seu corpo, contudo, praticamente cada célula, tecido e órgão envelhece dentro de seu próprio calendário, o que torna a idade biológica muito mais complexa do que a cronológica.
Um maratonista de meia idade pode ter os músculos da perna, o coração e os pulmões de alguém com a metade da sua idade, mas seus joelhos e rins podem estar envelhecendo rapidamente devido ao estresse excessivo, sendo que sua visão e audição podem estar declinando de acordo com seus próprios caminhos.
Você se torna único à medida que os anos passam.
Aos 20 anos, quando o desenvolvimento muscular, os reflexos, o impulso sexual e muitas outras funções básicas estão atingindo o seu ponto máximo, a maioria das pessoas pareceriam iguais aos olhos de um fisiologista.
Jovens corações, cérebros, rins e pulmões exibem firmeza e cores saudáveis; evidências de tecidos anômalo, enfermo ou moribundo são raras ou inexistentes.
Mas aos 70 anos, não há dois corpos que sejam remotamente parecidos.
Nessa idade o seu corpo será como o de nenhuma outra pessoa no mundo: as modificações sofridas espelharão a sua vida única.
A idade biológica tem seus limites como instrumento de medição.
Considerado puramente como biologia, o processo de envelhecimento se desenvolve tão lentamente que seus efeitos fatais raramente se equiparam ao de doenças de ritmo mais acelerado.
A maioria dos órgãos vitais é capaz de funcionar bem a 30% de sua capacidade.
Assim, se nossos corpos perdessem 1% do seu funcionamento por ano, após os 30 seriam precisos 70 anos, ou 100 de idade, para que o envelhecimento ameaçasse um determinado órgão com um iminente colapso.
Mas as influências sociais e psicológicas sempre estão agindo, nossos estilos de vida nos submetem a várias condições e as diferenças nas formas do envelhecimento mostram-se muito cedo na vida.
Dois pacientes vítimas de derrame com cinquenta e tantos anos e com idênticas condições clínicas podem, e frequentemente isto ocorre, exibir processo de recuperação absolutamente diferentes.
Um pode se recuperar do derrame rapidamente, reagir bem à terapia física e com facilidade recuperar os movimentos e a fala perdida, logo retornando à vida normal.
O outro pode reagir fracamente ao tratamento, deixar-se vencer pela depressão e desistir de todas as atividades; em pouco tempo poderá envelhecer e morrer.
O fator determinante aí será a idade psicológica, que é a mais subjetiva e misteriosa das três medidas, embora também seja a que contém as maiores possibilidades de reverter o processo de envelhecimento.
Sabe-se que a idade biológica pode ser alterada - o exercício físico regular, por exemplo, pode reverter dez dos efeitos mais típicos da idade biológica, inclusive pressão arterial alta, excesso de gordura, taxa de açúcar inadequada e decréscimo da massa muscular.
Os gerontologistas descobriram que as pessoas idosas que concordam em adotar hábitos mais saudáveis aumentam sua expectativa de vida em dez anos.
Assim, a flecha do tempo pode se deslocar para a frente rápida ou lentamente, parar ou até mesmo voltar para trás.
Seu corpo pode torna-se mais jovem ou mais velho, biologicamente, dependendo de como você o trata.
No entanto, a idade psicológica ainda é mais flexível.
Tal como a idade biológica, a idade psicológica é completamente subjetiva.
Não há duas pessoas exatamente com a mesma idade psicológica porque não existem duas pessoas com exatamente as mesmas experiências.
Vejamos o que diz Anna Lundgren, de 101 anos de idade, que, quando criança, fez uma observação muito importante que influenciou o modo como veio a envelhecer nos oitenta ou noventa anos seguintes:
- "Lá na Noruega, quando eu era uma garotinha, aos 55 ou 65 anos as pessoas simplesmente se sentavam.
Eu nunca me senti tão velha assim. Isso é ser velho. Não me sinto assim nem hoje em dia."
O quão velho você se sente não tem fronteiras e pode ser revertido numa fração de segundo.
Uma velha relembrando seu primeiro amor pode subitamente parecer e falar como se tivesse 18 anos de novo; um homem de meia-idade, ao saber que sua bem-amada esposa morreu pode definhar e cair num processo de solitária senilidade em questão de semanas.
Assim, em vez de responder com o número fixo a pergunta "Quantos anos você tem?", precisamos chegar a uma escala móvel que mostre a rapidez com que as nossas três idades se movem em relação uma à outra.
Deepak Chopra
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