Sempre que pensamos na palavra amor, ela nos remete imediatamente a algo bom, que nos nutre e preenche interiormente de modo absoluto. Entretanto, ele tem sido também, fonte de sofrimento para a maioria das pessoas. Se o amor é algo tão belo e sublime, qual a razão de vivenciarmos tantas experiências de dor?
Certamente por que estamos presos a uma visão do amor que se dá unicamente na dimensão do ego, aquela parte de nós que se apoia na crença de que nossa segurança interior só será alcançada através do outro.
O medo da perda pelo abandono ou a rejeição é um fantasma permanentemente presente na mente dos apaixonados, ainda que eles estejam na fase da felicidade total, quando nada mais parece existir no mundo além da pessoa amada.
Mesmo nesse estágio, o medo está ali, presente, pois basta um pequeno acontecimento e, imediatamente, ele se instalará para abalar a confiança de que eles são verdadeiramente amados.
Ainda que o amor nos traga toda esta incerteza, continuamos ansiando por ele como náufragos em busca de salvação, e sonhando com o dia em que possamos vivenciá-lo sem estes sobressaltos, apenas desfrutando da paz e da bem-aventurança que nos ensinaram a esperar do amor.
Ele pode, de fato, assumir esta dimensão, mas para que isto aconteça, ou melhor, até que ela se faça presente, será necessário que nos dediquemos a transformar nossa própria realidade interior.
Somente aquele que atinge um estágio onde o amor próprio e a confiança em seu próprio valor se tornem reais, conseguirá estar com o outro vivendo uma experiência de paz e alegria, onde o medo, a posse e a cobrança jamais estarão presentes.
Conhecer profundamente a si mesmo e ter consciência das expectativas irreais que espera serem preenchidas pelo outro, é um passo fundamental neste caminho. Quanto mais preenchidos estivermos pela energia do amor -independente de qualquer objeto externo -, mais prontos estaremos para compartilhá-lo sem receio.
Elisabeth Cavalcante
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