O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato.
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço.
O amor comeu meus cartões de visita;
O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
(...)O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia;
Comeu em meus livros de prosa as citações em verso;
Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
(...)O amor comeu as frutas postas sobre a mesa;
Bebeu a água dos copos e das quartinhas;
Comeu o pão de propósito escondido;
Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
(...)O amor comeu minha paz e minha guerra;
Meu dia e minha noite;
Meu inverno e meu verão;
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço.
O amor comeu meus cartões de visita;
O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
(...)O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia;
Comeu em meus livros de prosa as citações em verso;
Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
(...)O amor comeu as frutas postas sobre a mesa;
Bebeu a água dos copos e das quartinhas;
Comeu o pão de propósito escondido;
Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
(...)O amor comeu minha paz e minha guerra;
Meu dia e minha noite;
Meu inverno e meu verão;
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
João Cabral de Melo Neto
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