A gente se empenha tanto pra ter boas roupas, um bom carro, um emprego legal. Deixa o cabelo arrumado, a barba feita, as unhas prontas. Capricha no hidrante corporal, no melhor perfume, no sorriso perfeito.
Isso tudo facilita muito a conquista. Abre a porta. Nos permite chegar. Mas para permanecer a gente precisa de coisas bem mais simples.
Um "bom dia" sincero. Um emprestar honesto dos ouvidos. Um lembrete pra beber água durante o dia. Um convite inesperado pra uma viagem a dois nem que seja pra cidade vizinha.
Faz tanta falta um "Onde estaremos ano que vem?" ou "Vamos construir algo juntos?", porque a gente espera que tudo aquilo que juntamos para a conquista é o que alimenta uma relação.
Difícil mensurar o valioso gesto de permanecer ao lado em silêncio, concentrar na mesma pessoa o colega de projetos, o amigo, amante, confidente, companheiro. A gente se engana pensando que podemos segmentar nossos sentimentos e necessidades em várias pessoas diferentes, quando ignoramos a ideia de que já temos a pessoa ideal ao nosso lado.
Não há nada de errado em ter amigos ou outros parceiros de vida, mas nossa prioridade deveria ser sempre quem segura nossa mão na hora de atravessar no sinal, quem abre a porta do carro, quem não nos deixa andar na calçada no lado da rua.
E porque nos dividimos tanto, com tantas pessoas durante nossa vida, acabamos por nos tornar um estranho na vida de quem está ao nosso lado. Só o cuidado nos faz escolher todos os dias a mesma pessoa. Só o cuidado é capaz de causar um laço invisível chamado admiração entre duas pessoas.
A gente não deveria tratar os outros como um troféu conquistado largado em uma estante qualquer. Algumas pessoas merecem nosso esforço e empenho diários.
A conquista abre a porta. Mas só o cuidado não te torna um estranho na vida do outro.
A conquista abre a porta. Mas só o cuidado não te torna um estranho na vida do outro.
Alexandre Barreto
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