Existe um mito que envolve uma pessoa fofa como sendo incapaz de nos fazer plenamente felizes.
A gente prefere aquela paixão avassaladora, cheia de altos e baixos, idas e vindas, fins e recomeços, dúvidas e desconfianças, atrasos e ausências, mentiras e desculpas...
Sempre que ouço alguém dizer que terminou um relacionamento mas continuam amigos, me questiono se a amizade não seria um bom motivo pra manter alguém ao seu lado.
A gente prefere sempre a paixão! Tudo precisa ser feito com pressa e pro ano passado já!
A paixão nos faz atravessar uma calçada com o cimento fresco e deixar ali os buracos com nossas pisadas desesperadas.
A paixão nos faz comer a massa antes do bolo ficar pronto acreditando que ela era irresistível sem levar em conta que ele pronto é muito melhor.
A paixão nos faz pegar o carro e sair pela estrada desesperadamente sem consultar a autonomia do combustível, pouco importando se vamos ficar a pé no meio do caminho.
Paixão é a gente tentar cantar a música antes de conhecer a letra e balbuciar alguns trechos errados porque tanto faz o sentido do que está sendo dito, eu quero cantar errado mesmo.
Paixão é sufocar antes de segurar a mão, beijar a boca antes de conhecer todo sentimento que pode ser dito por ela, levar pra cama o corpo antes de tocar a alma...
Paixão é acampar dentro de uma casa só com as paredes porque não houve paciência de esperar o telhado ficar pronto.
Paixão é tentar dar um mergulho profundo na beira da praia e acabar cheio de areia na roupa porque não quis dar algumas braçadas até a parte mais profunda do mar.
Amor fofo é aquele que os amigos dizem não ter nada a ver contigo, mas que bem lá no fundo lamentam por não terem sido encontrados e alcançados antes por ele.
E muitas vezes a gente se questiona e pergunta porque, sendo tão legal, não temos alguém do nosso lado. Nessas horas posso imaginar Deus fechando os olhos, batendo suavemente a mão em Sua testa e dizendo: Te mandei um amor fofo e você o deixou como algo descartável...