A gente pode gostar da companhia de alguém, se divertir com suas piadas, rir do seu senso de humor. Mas isso passa.
Podemos achar uma pessoa bonita, ter a surpresa pela sua beleza incomum, mas com o tempo a gente se acostuma. Isso também passa.
Olhamos com espanto para pessoas ricas. Ficamos imaginando tudo aquilo que poderia ser comprado com os números intermináveis de sua conta corrente. Mas ainda isso é passageiro.
Mas já reparou que o permanente, na maioria das vezes, é algo que não podemos tocar ou ver?!?
A gente admira uma boa pessoa, por exemplo. Seus gestos que normalmente nascem dentro de corações bondosos e enormes.
Admiramos aquele dom que veio da dedicação de um pianista, uma bailarina, um cantor. Aquela habilidade que parece ser inata, sem levar em conta o esforço e o tempo gasto para chegar naquele nível de profundidade que nos leva ao céu.
Percebe o quanto é admirável aquela pessoa que nos empresta os ouvidos, nos acolhe em seus braços, abre as portas enormes da sua alma pra nos receber com aquela empatia ímpar?!?
A gente gosta, fica surpreso e até espantado - de uma forma boa - com algumas pessoas. Mas a admiração nos fascina! E o fascínio é aquele laço leve, suave e invisível que nos mantém perto de quem nos faz bem.
O fascínio não nos prende pelos pulsos ou pés. Ele não acorrenta nosso tronco. É um calor que não queima e um frio que não congela. Ele toca com cuidado nosso coração e traz aquela batida suave que nos acalma até a alma...
Nada contra o entorpecimento causado pelos sentimentos brutos de paixões passageiras. Ah, mas por favor, me deixe continuar bem sóbrio escolhendo a permanência da admiração.
Alexandre Barreto