- Mas as mesinhas de cabeceira da cama têm que ser iguais!
E eu pergunto:
- Onde é que está escrito? Qual foi o Papa que disse? Qual o presidente que sancionou esta lei?
Minha cara-metade e eu somos a prova-viva de que a melhor coisa do mundo é a diferença. Muitas das vezes, temos visões, ideias, gostos e costumes completamente diferentes, quando não opostos. Mas, incrivelmente, o que poderia ser um grande problema, na verdade é uma das rodas que fazem nossa engrenagem girar.
- Mas você vai comer a sobremesa antes do almoço?! – desta vez, eu é que fiquei chocada.
- E qual foi o Papa que disse que não pode?
O rapaz aprende rápído...
Não raro por aí, enquanto as pessoas buscam seu parceiro ideal, uma das principais exigências é que ambos vejam a vida com os mesmos olhos. Mas o que é que isso significa de verdade? “Ver a vida com os mesmos olhos” é muito mais que concordar a respeito das mesinhas de cabeceira ou da hora certa para comer a sobremesa. E é justamente por isso que meu casamento dá certo: somos diametralmente opostos nas coisas pequenas, mas perfeitamente alinhados nas grandes. É a nossa sorte e a chave para a nossa felicidade... o que não impede que, de vez em quando, o pau quebre lá em casa.
Quem olha de fora, diz não entender como estamos juntos.
- Mas vocês são tão diferentes... como é que pode?! Parece que são de planetas diferentes!
Somos mesmo. E como ficou mais rica a minha vida depois que encontrei este marciano! Como gosto da nova "Fernanda" que surgiu em mim, que faz coisas impensáveis para a "Fernanda anterior", como trocar a novela das oito pela série "o Universo", do Discovery. Enquanto isso, ele, que nunca havia escrito uma linha, mas apenas feito cálculos, virou quase um blogueiro-jornalista...
Quantos casais pensam igualzinho, vêem a mesma paisagem do lado de fora da janela, querem sempre as mesmas coisas, concordam em tudo... e vivem, de fato, cada um no seu planeta. E dormem sozinhos naquela cama fria, enquanto o parceiro ronca ao lado. E suportam uma vida inteira de solidão compartilhada. Sem brigas, sem discussões, sem crises. E sem fazer as pazes também.
Há quem pense que brigar por coisas pequenas estrague o amor. Eu não acho, porque se o motivo for bobo, e o amor for grande, a briga não vai em frente, e ainda dispersa o marasmo da harmonia total... ninguém aguenta ser feliz o tempo todo! Há que se sofrer um pouquinho quando se ama!
Já as grandes causas... estas sim, merecem atenção. Estas são perigosas e não aceitam divergências intransponíveis. A sabedoria está em pesar as coisas, porque a simples questão sobre quem vai lavar aquele prato sujo que está na pia pode acabar em divórcio.
Fernanda Dannemann
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