Uma vez eu ouvi de um amigo que a verdade era uma linda moça, que infelizmente, morreu solteira. Ele tentou me dizer que ninguém quer muito saber a verdade verdadeira das coisas.
Talvez ele esteja certo, vivemos em um mundo paradoxal. Mostramos quase tudo, muita vezes tudo, no mundo digital. Relativizamos para sermos otimistas a privacidade e fazemos parecer que vivemos num mundo de transparência absoluta onde tudo é revelado.
E aí vem o paradoxo: omitimos, escondemos, armamos, mentimos pra valer. As mesmas redes que vitrinizam - me perdoem o neologismo - atiçam não ser verdadeiro. Simpático com quem não quer ser, desleal com parceiros quando se seduz nos inbox da vida, reveladores de prometidos segredos no WhatsApp e vendedores de uma vida feliz e livre de problemas.
Talvez omitir a verdade seja uma tentativa de viver num mundo tranquilo, sem confusão nem brigas.
Verdade pode ser vendaval, tempestade. Já vi verdades virem à tona como tsunamis, mas são libertadoras. A verdade é aquela sensação Vick Vaporub que um dia tivemos na infância, sabe?!
E chegando pra ventar, ela faz algo importante com as relações, afetos e opiniões. Com a verdade só fica a casa de tijolo. Pode reparar. Cai a de palha, cai a de madeira, mas o que é pra valer fica.
Como disse uma vez o escritor George Orwell, do legendário 1984, num mundo de engano, fraudes e farsas, dizer a verdade é um ato revolucionário.
E eu quero fazer parte da evolução.
Bia Willcox
Fonte: Amores Cariocas - Verdade