A gente sente falta de tanta coisa...
Sentimos falta da nossa infância, da primeira volta de bicicleta sem rodinha, de como precisávamos de tão pouco e éramos tão felizes.
Das vésperas do aniversário, do natal, do início das férias. A imensidão do universo contida nas infinitas 24 horas de um dia.
Da primeira namorada, do primeiro beijo, do primeiro adeus. A sensação indescritível da dor provocada pela paixão que mudou de bairro...
Daquela nota 10, da outra nota 0. O professor que implicava com a gente e aquela tia que insistia em nos aninhar em seu colo.
Daquele apelido que ninguém pode descobrir agora, daquele gesto heroico que insistimos em repetir a cada encontro da família e como gostaríamos de ser mais velhos logo - e hoje, como ser mais jovens...
A gente sente falta até do que nunca teve: Daquela habilidade em tocar violão, piano, guitarra... De dançar como uma bailarina com as sapatilhas que nunca tivemos... Cantar como aquele cantor romântico ou da habilidade em patinar no gelo...
De todas as faltas que a gente sente, existe uma única que a vida nos ensina que podemos amenizar. Porque não existe noite eterna, muito menos choro que nunca acabe. Por mais profundo que seja o ferimento, um dia ele vira cicatriz e uma leve lembrança da dor que já foi intensa. Então, quando a gente cansa de sentir tanta falta de pessoas que nos são preciosas, chega a vida e sussurra um segredo que muda toda a nossa existência:
"Você nunca vai sentir falta de quem insiste em carregar dentro do peito."
Então a gente deixa de sentir aquela amarga falta e passa a respirar uma doce saudade. Descobre finalmente que sentimos falta daquilo que não nos pertence, foi arrancado ou levado embora, e a saudade é aquela doce e suave lembrança em forma de nuvem branca no céu que carregamos voluntariamente durante todos os dias - não mais solitários - de nossa vida.
Calvin
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