Noite de um sábado frio de inverno. Em um daqueles momentos em que o silêncio da casa percorria todos os cômodos, resolveu sentar na sala em frente a televisão desligada e poderia jurar que viu o filme da sua vida naquela tela gelada e escura.
Lembranças vagas da infância, momentos felizes da adolescência, cada etapa do seu amadurecimento solitário e doloroso em cada fase percorrida na vida. Não tinha remorsos, mas se pudesse voltar faria diferente.
Novamente se deu conta que estava em casa - sozinho -, então fechou os olhos. Passou a ouvir o som de sorrisos, gargalhadas, suspiros e choros. Tudo que tinha feito parte da sua própria história.
O reencontro consigo mesmo era intenso, mas tinha medo de continuar e encontrar alguma lembrança ruim, algo para estragar o final de semana tranquilo. Percebeu que algo estava diferente. Não tinha aberto somente os olhos, mas a própria alma. Alguma coisa tinha acontecido e se sentiu exposto, vulnerável. Sabia que seus próximos pensamentos iriam ditar seu sentimento nas próximas horas, dias, na sua vida inteira. Respirou fundo e decidiu ser feliz!
Pouco importava o que havia feito para os outros. Não ligava se tinha ou não o reconhecimento alheio. Não olhou para os dedos e tentou contar quantas pessoas lhe acompanhavam... Decidiu que escolheria suas próprias roupas e sua vida.
Fechou então os olhos novamente, inclinou a cabeça e sussurrando em silêncio disse:
"Que eu nunca sinta saudades de mim mesmo, por ter abandonado quem sou, para me transformar em alguém que viva sob as regras e desejos alheios."
Amém.
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