Ao contrário de Edith Piaf, que disse em sua famosa canção que não se arrependia de coisa alguma, muitas pessoas parecem terminar suas vidas com grande arrependimento.
Isso é o que afirma Bronnie Ware, uma especialista em cuidados paliativos e doentes terminais, que acaba de compilar em um livro a lista dos cinco principais arrependimentos que as pessoas têm antes de morrer.
A enfermeira australiana reuniu em seu livro as "Confissões honestas e francas de pessoas em seus leitos de morte", o que elas tinham querido fazer ou não fazer.
Foram confissões, diz ela, que ajudaram a transformar a sua vida.
Porque, de acordo com Bronnie Ware, é realmente triste chegar à sepultura pensando "eu gostaria de ter feito...".
"Eu encontrei uma longa lista de arrependimentos, mas no livro tentei focar os cinco mais comuns", explica a autora.
"E o arrependimento principal de muitas pessoas é 'Eu gostaria de ter tido a coragem de fazer o que eu realmente queria fazer e não o que os outros esperavam que eu fizesse'", acrescenta.
"Outro arrependimento comum é 'eu queria não ter trabalhado tanto', porque isto, segundo eles, os havia feito perder seu equilíbrio, e como resultado haviam perdido muitas coisas em sua vida".
O livro, intitulado "The Top Five Regrets of the Dying", é uma contagem de relatórios sobre a vida da autora e suas experiências durante anos de trabalho em cuidados paliativos.
Os pacientes de Ware eram pessoas que tinham sido desenganadas e esperavam a morte a qualquer momento.
Isso, diz ela, lhe permitiu partilhar "momentos incrivelmente especiais. Porque eu passei com eles as últimas três a doze semanas de suas vidas".
Os cinco grandes arrependimentos:
1 - Eu gostaria de ter tido a coragem de fazer o que eu realmente queria fazer e não o que os outros esperavam que eu fizesse;
2 - Eu queria não ter trabalhado tanto;
3 - Eu gostaria de ter a coragem de expressar o que eu realmente sentia;
4 - Eu gostaria de voltar a ter contato com os meus amigos; e
5 - Gostaria de ser mais feliz.
A ideia do livro surgiu depois de que um artigo em seu blog, intitulado "Arrependimentos dos Moribundos", tornou-se viral na internet e Ware decidiu escrever algo mais abrangente sobre essas confissões e a forma como "transformaram a sua vida".
"As pessoas amadurecem muito quando têm que enfrentar sua própria mortalidade", explica a autora.
"Cada pessoa experimenta uma variedade de emoções, como esperado, que incluem negação, medo, raiva, arrependimento, mais negação e, eventualmente, aceitação".
"No entanto, cada um dos pacientes sempre encontrou a sua própria paz antes de partir".
Bronnie Ware diz que "outro arrependimento comum entre os moribundos era que eles queriam ter a coragem de expressar seus sentimentos".
"E que se aplicava tanto a sentimentos positivos quanto a negativos".
"Muitos diziam: 'Eu gostaria de ter tido a coragem de falar e dizer que eu não gostava dessas coisas', ou que queriam ter tido a coragem de falar com as pessoas e lhes dizer o que realmente sentia por elas".
"Também era um arrependimento muito comum não ter voltado a ter contato com velhos amigos. Muitas pessoas disseram que gostariam de ver alguém para se lembrar de momentos de sua vida, mas não tinha feito o esforço para encontrá-lo(a)".
De acordo com Ware, no final da vida os amigos são muito importantes porque muitas vezes os familiares ao redor de um doente terminal estão passando por sua própria dor.
Os moribundos também "tinham desejado ser mais felizes".
Algo que se destaca é que todos esses lamentos dos moribundos são de coisas que eles não fizeram. As pessoas não parecem se arrepender de algo que fizeram.
"Tudo o que fazemos em nossas vidas, bom ou ruim, nos ajuda a aprender alguma coisa", explica Ware.
"É por isso que é mais comum nos arrependermos de algo que nós não fizemos".
"Mas penso que nós, como seres humanos, devemos aprender a perdoar mais a nós mesmos e não sermos tão duros por não termos feito algo no passado. E isso se aplica principalmente quando uma pessoa está doente e não tem a liberdade de fazer coisas porque não tem saúde".
O que a autora espera, ela diz, é que seu livro "ajude as pessoas a agir hoje e não deixar as coisas para amanhã, para depois se arrependerem".
"Para mim, estas confissões me ajudaram a implementar mudanças importantes na minha vida e eu espero que as pessoas que lerem o livro também possam entender que a vida está acontecendo hoje e agora é hora de vivê-la".
"Minha principal mensagem é que todos nós vamos morrer, e se neste momento nos arrependemos de algo, tratemos de solucionar agora."
* Título original: Las 5 cosas de las que nos arrepentimos antes de morir
Fonte: Lanacion
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