Ninguém se conhece direito até passar dos 30. Tem gente que não se conhece mesmo beirando os 70, mas aí é outra história. Antes dos 30, somos apenas um sonho; um desejo com várias direções e muita esperança a tiracolo. Até os 30 estamos definindo o que queremos, o que gostamos, o que vamos ser. Não há limites para os planos nem para a quantidade de erros.
Depois dos 30, continuamos errando. Continuamos não sabendo. Mas, pelo menos, temos uma breve ideia de onde queremos chegar. Não é fácil, eu admito. Existe uma pressão no mundo para que você se torne só uma coisa: GENTE GRANDE. Aí, meu querido, começa a batalha. Você TEM que ter um diploma, um casamento, um filho - mesmo que não seja a lista dos seus sonhos. Você tem que cortar o cabelo, tirar o piercing e aposentar suas blusas de banda.
Aonde isso vai parar? Já conto. Um dia, quando menos se espera, você se enxerga... um chato! Percebe que confundiu responsabilidade com falta de espontaneidade. E encontra sua criança interior louca da vida, num castigo que você mesma criou. Estou errada? Pode ser. É preciso muito equilíbrio para saber a hora de não se levar tão a sério. Mas, criança grande que sou, ainda acho os 30 a melhor coisa do mundo. Que se danem as rugas e demais amolações. As paranoias dos 20 - finalmente! - acabaram. Agora você é um ser sublime e sem espinhas. E – digam o que quiserem! – você nunca mais vai morrer de amor. Invenção minha? Talvez. Depois dos 30, a gente sofre com mais dignidade. E entende que – tirando a morte e a lei da gravidade – tudo tem conserto.
Se eu gostaria de voltar no tempo? Acho que não. Ninguém, em sã consciência, tem saudade de usar aquela sunga ridícula do uniforme de educação física. Ninguém sente falta de ser insegura. Ninguém tem saudades da aflição de ser virgem e pensar depois da “primeira vez”: então é SÓ isso? Não, gente, tem coisas na vida que melhoram incrivelmente com a idade. E, se estou escrevendo esse texto, é porque vejo muita gente apavorada em ficar mais velha. É, eu sei, eu sei. Vivemos numa cultura que almeja o belo. E o novo. Eu me preocupo com tudo isso também, mas acho que não devemos esquecer uma coisa: renovar quem somos por dentro. Pode parecer clichê, mas é verdade. Chega de nos preocuparmos tanto com botox e anti-rugas. Chega de tanto drama porque você ainda não encontrou o amor da sua vida. Ou mais realisticamente dizendo: um cara bacana com quem você possa viver seus dias. Amor não tem idade. Beleza também não. Pra cada um, a vida dá um tempo. Não é porque a sociedade nos manda um roteiro pronto que iremos seguir tudo à risca.
Ah, vou contar uma coisa... Depois de muitos aniversários, descobri que ganhei mais do que perdi. Com o passar dos anos, fiquei mais corajosa, mais seletiva, mais segura e mais feliz. Perdi minhas vergonhas, minhas inseguranças e também perdi o medo de dizer o que penso. E o que eu penso? Ah, vamos parar de nos importar tanto com faixa etária e cabelos brancos! Vamos esquecer das equações que nos ensinaram pra ter uma vida perfeita. Vamos nos conhecer mais. Preencher nossos vazios e nos livrar dos sinais que não nos fazem bem. Pessoal, a plástica aqui é interna. Se está ruim, conserte. Comece tudo de novo. Aproveite que você já sabe o que - externamente - lhe cai bem. E mude POR DENTRO. Afinal, com que cara você quer chegar aos 40?
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