Algumas pessoas falam;
Outras, escrevem.
Um grupo calcula, articula...
Eu sempre preferi desenhar!
Desde criança gostava de música e talvez essa sensibilidade tenha me ajudado a gravar no papel inúmeros desenhos. Concebia em traços tudo o que via, sentia e buscava.
Os desenhos antigos serviam-me como uma fonte de referência: me mostravam uma realidade passada, que comparada com a folha em branco que estava ali naquele momento em minha mão, se traduzia em novos esboços.
Mas eu não desenhava somente...
Como uma criança inquieta e que buscava (in)conscientemente a aprovação de meus pais, mostrava minhas folhas desenhadas. Nessa prática, encontrei outras pessoas com os mesmos hábitos; algumas outras que nada entendiam; um grupo que nem queria saber daquela forma de viver; e finalmente, desenhos feitos com os mesmo traços dos meus.
Durante muito tempo os traços similares me aproximavam de pessoas afins: serviam para estudar comportamentos, comparar sonhos, trocar experiências. Mas não somos lúcidos assim o tempo todo. Com a chegada da adolescência, pratiquei o contrário de tudo que fazia bem para o meu corpo – e até mesmo, para minha essência.
Por várias razões, quis seguir caminhos contrários. Insistia em encontrar motivos em desenhos completamente diferentes dos meus. Ignorava os traços, tão somente por teimosia – nunca fui tão infantil como a fase em que passei após minha própria infância.
Ignorando os que desenhavam como eu e me aproximando de meus opostos, paguei um preço caro: Perdi minhas próprias folhas; Esqueci onde deixei meus lápis coloridos; Anulei as habilidades de minhas mãos; Abandonei meus próprios desenhos...
Até que eu percebesse a falta que os desenhos faziam em minha vida, levei um tempo precioso. Não considero como um tempo perdido, talvez porque nele eu tenha exercitado muitas outras habilidades em detrimento da minha sensibilidade, por exemplo, a fria “arte” de calcular. Mas não sou tão exato assim. Não sou tão preciso. Não sou perfeito.
Então resolvi pegar minhas folhas, reunir meus lápis, estalar meus dedos como um famoso pianista que se prepara para um concerto solo e voltar a desenhar!
Eu sabia que não bastava somente desenhar. Eu precisava mostrar novamente meus desenhos. E ao mostra-los, encontrei pelo caminho tudo que já havia encontrado antes. Até o dia em que me encontrei desenhado em outra distante pessoa...
Primeiro, percebi um esboço de cuidado, leveza e atenção. Depois, a apresentação de rascunhos de projetos de vida e forma de expressão similares foram o suficiente para reter minha atenção mais cuidadosamente. Neste ponto não hesitei: Juntei minhas folhas e atravessei uma longa e fria noite para lhe mostrar tudo o que já havia feito em minha nova fase.
Juntos, começamos pelo passado. Quando levantamos nossas folhas e as colocamos uma sobre a outra e contra a luz fraca, uma surpresa: Era o mesmo desenho! Eram folhas amassadas, amareladas pelo tempo, guardadas há muito tempo e que possuíam poucos traços pessoais, desenhos tímidos e quase inexpressivos, mas que tinham os mesmos contornos.
Já havíamos trocado experiências passadas e atuais, então começamos a esboçar o futuro. Cada qual em sua folha. O tempo em que não estávamos juntos, passávamos fazendo nossos próprios desenhos. Não combinávamos o que iríamos pintar, e conforme iam tomando forma, apresentávamos um ao outro. Não havia mais surpresa: os traços insistiam em manter suas semelhanças.
E como tudo que faz parte desta vida tem uma missão e um tempo estabelecido para acontecer, pensei no fim. Como seriam os traços do fim? Fechei os olhos, comprimi bem as pálpebras sentindo um aperto leve no coração até que me surgiu o rascunho do final em forma de uma brisa leve que me fez perceber:
Outras, escrevem.
Um grupo calcula, articula...
Eu sempre preferi desenhar!
Desde criança gostava de música e talvez essa sensibilidade tenha me ajudado a gravar no papel inúmeros desenhos. Concebia em traços tudo o que via, sentia e buscava.
Os desenhos antigos serviam-me como uma fonte de referência: me mostravam uma realidade passada, que comparada com a folha em branco que estava ali naquele momento em minha mão, se traduzia em novos esboços.
Mas eu não desenhava somente...
Como uma criança inquieta e que buscava (in)conscientemente a aprovação de meus pais, mostrava minhas folhas desenhadas. Nessa prática, encontrei outras pessoas com os mesmos hábitos; algumas outras que nada entendiam; um grupo que nem queria saber daquela forma de viver; e finalmente, desenhos feitos com os mesmo traços dos meus.
Durante muito tempo os traços similares me aproximavam de pessoas afins: serviam para estudar comportamentos, comparar sonhos, trocar experiências. Mas não somos lúcidos assim o tempo todo. Com a chegada da adolescência, pratiquei o contrário de tudo que fazia bem para o meu corpo – e até mesmo, para minha essência.
Por várias razões, quis seguir caminhos contrários. Insistia em encontrar motivos em desenhos completamente diferentes dos meus. Ignorava os traços, tão somente por teimosia – nunca fui tão infantil como a fase em que passei após minha própria infância.
Ignorando os que desenhavam como eu e me aproximando de meus opostos, paguei um preço caro: Perdi minhas próprias folhas; Esqueci onde deixei meus lápis coloridos; Anulei as habilidades de minhas mãos; Abandonei meus próprios desenhos...
Até que eu percebesse a falta que os desenhos faziam em minha vida, levei um tempo precioso. Não considero como um tempo perdido, talvez porque nele eu tenha exercitado muitas outras habilidades em detrimento da minha sensibilidade, por exemplo, a fria “arte” de calcular. Mas não sou tão exato assim. Não sou tão preciso. Não sou perfeito.
Então resolvi pegar minhas folhas, reunir meus lápis, estalar meus dedos como um famoso pianista que se prepara para um concerto solo e voltar a desenhar!
Eu sabia que não bastava somente desenhar. Eu precisava mostrar novamente meus desenhos. E ao mostra-los, encontrei pelo caminho tudo que já havia encontrado antes. Até o dia em que me encontrei desenhado em outra distante pessoa...
Primeiro, percebi um esboço de cuidado, leveza e atenção. Depois, a apresentação de rascunhos de projetos de vida e forma de expressão similares foram o suficiente para reter minha atenção mais cuidadosamente. Neste ponto não hesitei: Juntei minhas folhas e atravessei uma longa e fria noite para lhe mostrar tudo o que já havia feito em minha nova fase.
Juntos, começamos pelo passado. Quando levantamos nossas folhas e as colocamos uma sobre a outra e contra a luz fraca, uma surpresa: Era o mesmo desenho! Eram folhas amassadas, amareladas pelo tempo, guardadas há muito tempo e que possuíam poucos traços pessoais, desenhos tímidos e quase inexpressivos, mas que tinham os mesmos contornos.
Já havíamos trocado experiências passadas e atuais, então começamos a esboçar o futuro. Cada qual em sua folha. O tempo em que não estávamos juntos, passávamos fazendo nossos próprios desenhos. Não combinávamos o que iríamos pintar, e conforme iam tomando forma, apresentávamos um ao outro. Não havia mais surpresa: os traços insistiam em manter suas semelhanças.
E como tudo que faz parte desta vida tem uma missão e um tempo estabelecido para acontecer, pensei no fim. Como seriam os traços do fim? Fechei os olhos, comprimi bem as pálpebras sentindo um aperto leve no coração até que me surgiu o rascunho do final em forma de uma brisa leve que me fez perceber:
O grande segredo da vida é não deixar de desenhar! Se soubermos colocar isso em prática, não existirá final!! Só mudam as folhas nas quais escreveremos nosso destino... Mas não existe final..!!!
Alexandre Barreto
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