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Showing posts from December, 2010

1/1/11

O primeiro dia do ano no calendário gregoriano. Uma famosa vidente previu que este ano será dramático para todos nós por causa do seu início único - com repetidos números "1". Segundo ela, só teremos uma chance de sermos felizes! Só teremos a possibilidade de receber um perdão. Só desfrutaremos de uma única alegria. E finalmente – e não menos dramático – só viveremos um ano... Há uma frase atribuída a Tolstoi que diz o seguinte: "Há quem passe pelo bosque e só veja lenha pra fogueira”. A vidente que fez a previsão deve morar numa casa com lareira... Quantas vezes focamos nossa vida em sonhos que nunca poderemos realizar? E a não realização deles reside no simples fato de nos concentrarmos muito mais nos obstáculos do que na realização de nossos projetos. Aristóteles afirmou com muita propriedade “Nós somos o que fazemos repetidas vezes. Portanto, a excelência não é um ato, mas um hábito”. Mas então o que fazer em um ano em que teremos uma única chance para tudo? A respos

Não Pense Duas Vezes

A felicidade é um susto. Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. Chega sem chegar, insinua mais que propõe. Felicidade é animal arisco. Tem que ser adimirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante é uma sublime forma de possuí-la.  Felicidade é chuva que cai na madrugada, quando dormimos. O que vemos é a terra agradecida, pronta para fecundar o que nela está sepultado, aguardando a hora da ressurreição. Felicidade é coisa que não tem nome. É silêncio que perpassa os dias tornando-os mais belos e falantes.  Felicidade é carinho de mãe em situação de desespero. É olhar de amigo em horas de abandono. É fala calmante em instantes de desconsolo.  Felicidade é palavra pouca que diz muito. É frase dita na hora certa e que vale por livros inteiros. Eu busco a frase de cada dia, o poema que me espera na esquina, o recado de Deus escrito na minha geladeira. Eu vivo assi

Um Convite a Quem Ama Demais

Gosto sempre de frisar que a questão não é o quanto se ama, mas sim o quanto se distorce o amar. Ou seja, estamos falando do “como”. E, nesse caso, tratamos de um vício de comportamento conectado a tudo o que não é amor. Até porque quando estamos em meio à confusão do amar demais não nos amamos. E se o “ amar o próximo como a si mesmo ” é a verdade máxima, não amamos. Não nos amamos, não amamos o outro, não amamos a vida. Ou seja: toda vez que encontrar alguém que ama demais, saiba que ele(a) está sobrevivendo mais do que vivendo. Confundindo tudo mais do que amando… Quem vive dessa maneira, não consegue se dar, não consegue receber, não consegue ver, ouvir, sentir – se não for por meio de outro. Do contrário, nada sente, nada acontece. Nesse sentido, viver em função de alguém ou alguma coisa com um forte sentido de posse, misturado a um controle que beira a doença, não agrega.  Afinal, tudo o que precisamos já trazemos conosco, está dentro, é o nosso maior alimento. Em nosso luga

A Arte de Ser Feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar,

Spes Messis In Semine

De Reflexões e Atos

Não Precisa Ser Para Sempre, Mas Precisa Ser Até o Fim!

‘Para sempre’, em minha opinião, é nada mais nada menos que um dia depois do outro. Ou seja, é construção. Em princípio, não existe. Mas basta que façamos a mesma escolha sucessivamente e teremos construído o ‘para sempre’. O que quero dizer é que o ‘sempre’ não é magia nem tampouco um tempo que pré-exista. Ele é consequência. Nada mais que consequência de uma sucessão de dias, vividos minuto por minuto. Quanto ao amor, tem gente que acredita que só é de verdade se durar “até que a morte os separe”. Outras, como o grande Vinícius de Moraes poetizou, apostam no “ que seja eterno enquanto dure ”. Eu, neste caso, admiro a coragem de quem vai até o fim, de quem se entrega inteiramente ao que sente, de quem se permite viver aquilo que seu coração pede até que todas as chamas se apaguem. Mais do que isso: até que as brasas esfriem e – depois de todas as tentativas – nada mais possa ser resgatado do fogo que um dia ardeu. Claro que não estou defendendo a constância indefinida de atitude

Quando Você Muda, a Relação Muda

Quando você se relaciona com alguém, sob qualquer título – amigo, parceiro, companheiro, namorado, cônjuge, etc. – esta relação pode ser comparada a uma combinação entre dois elementos químicos. A interação entre o que você é e o que o outro é resulta num terceiro elemento, diferente do que cada um é individualmente e diferente também da simples soma de duas individualidades, já que somos intrinsecamente mutáveis. Não é difícil perceber essa alquimia se observarmos que nos comportamos de modo específico e diferenciado dependendo de com quem estamos. Com algumas pessoas somos mais calmos, com outras, mais frágeis; com algumas, mais agitados, com outras, mais espontâneos; e por aí vai. Aí está o encanto dos encontros: tudo pode ser transformado! Basta que um dos dois mude, e o resultado será novo, será outro, diferente do obtido até então... Mas, infelizmente, muitas vezes nos esquecemos desta opção - ou escolhemos nos manter na cômoda posição de ignorá-la. Preferimos acreditar que

Você é Repelente ou Atraente?

Você conhece alguém que reclama de tudo? Já ficou ao lado de alguém que parece pesado, chato, cansativo? Já conviveu com alguém que bate as portas, que fala gritando e que tem sempre uma palavra rude na ponta da língua para disparar em quem se atrever a lhe perguntar algo? Já conheceu alguém que reclama até de propaganda de televisão, que fica nervoso com os telejornais, com a política, com a burocracia, com o cachorro, com as seguradoras, com o síndico e com a mulher - ou marido -, filhos, sogra e até com o tempo?!? Se faz sol é porque o calor é insuportável. Se chove é porque “pobre não tem sorte mesmo”. Tudo é motivo pra reclamar! E o maior problema é que as pessoas que são - ou estão - assim, quase sempre não percebem! Por isso, pergunte-se: você anda reclamando demais da vida? Tem se comportado como uma pessoa pesada e desagradável? Ou seja, tem se comportado como pessoa-repelente?!? Tem se dado conta de que poucos amigos ainda continuam ligando de vez em quando e que dificil

Sansão e Dalila

Quem não conhece a famosa história bíblica datada há 2500 anos? O nazireu forte e poderoso que foi enganado pela formosa Dalila em troca de dinheiro? Esse é o enredo perfeito para uma tragédia: uma mulher tentadora motivada pela cobiça e um homem moralmente fraco e com paixões incontroláveis. Com o passar do tempo espera-se que a humanidade evolua. Evoluimos, é claro, temos tanta tecnologia que nos perguntamos se há mais o que inventar. Entretanto a força do pensamento estancou e nossos instintos continuam primitivos. Vivemos num mundo repleto de grandes massas populares alienadas, nunca fomos tão regidos por nossas paixões levianas: o consumismo exagerado por bens fúteis; a urgência de parecer-se com o outro que está aquém da nossa realidade; a busca pela perfeição inexistente, pela profissão não quista, mas bem remunerada; determinada posição social; a ridícula ideia do parceiro “hollywoodiano” – sempre atraente, bom de cama e cheio de amor; a influência por regras hipócritas da

Aprender a Amar

"No amor, nem sempre são as faltas o que mais nos prejudicam,  mas sim a maneira de proceder, depois de as termos praticado." Ovídio Amar e ser amado é, sem dúvida, o maior desejo do ser humano e, por isso mesmo, a maior fonte de suas frustrações. Muitas pessoas reclamam de seu destino, pelo fato de não terem sido contempladas com um grande e definitivo amor. Mas a realidade é que um grande amor é fruto de sua maneira de existir. Amar, jogar xadrez, cozinhar… qualquer atividade tem três fases, em seu processo de aprendizagem: a primeira é a da alienação, da falta de consciência. Começamos pensando que já sabemos muito. No caso do amor, acreditamos que amamos bastante, corretamente, que nos entregamos. Nem bem começamos, já nos consideramos mestres. A segunda é a fase da aprendizagem, quando descobrimos que não sabemos nada. Então, traçamos um objetivo e queremos aprender o máximo possível. É a etapa da técnica, do treinamento metódico para atingir um determinado fim. No